EM EDIÇÃO FEMININA E INGRESSOS ESGOTADOS, NO AR COQUETEL MOLOTOV ESPALHOU OS ACORDES DO PRESENTE E DO FUTURO NO CAMPUS DA UFPE

Foto: Hannah Carvalho

Promovendo o encontro do Recife com sua arte mais autêntica e mais atual, com as músicas que o Brasil é e ainda será, a 21ª edição do No Ar Coquetel Molotov encheu de públicos e aplausos o Campus da UFPE, neste sábado (7 de dezembro), confirmando-se histórica e aclamada. Em mais de 12 horas de programação, o festival, que teve ingressos esgotados, apresentou um line-up feminino como nunca (70% protagonizado pelas mulheres) e eclético como sempre, celebrando, em seus três palcos, o congraçamento entre o virtuoso e o popular, o rock e o brega, o trap e o jazz, o funk e o coco de roda, artistas consolidados e o futuro, num engenhoso mosaico de ritmos e estilos.

“Estamos em êxtase com esta edição tão emblemática do festival. É muito importante para nosso projeto contar com o apoio do poder público e da iniciativa privada para promover a música como caminho. Tivemos o Coquetel Molotov aprovado na Lei Rouanet com o patrocínio master da Nubank e o importante apoio contínuo da Prefeitura do Recife. É muita sorte viver numa cidade onde a administração pública é tão sensível à cultura e à produção cultural”, ressalta a diretora do festival, Ana Garcia. “Foi fundamental também contar com parceiros como Natura, Deezer e a Cerveja Sol. Ficamos felizes demais por receber shows incríveis de nossos artistas e por promover o encontro deles com grandes apresentações de nomes nacionais consagrados. Além de muito realizados e emocionados, já estamos empenhados para fazer uma edição 2025 ainda mais bonita. O trabalho começa agora”, vibra Ana Garcia.

Foto: Hannah Carvalho

No Palco Coquetel Molotov, o maior da festa, tradição e modernidade fizeram coro em apresentações como a de Jéssica Caitano com Samba de Coco Raízes de Arcoverde. A programação brindou o magnetismo irresistível de Céu e seu repertório infalível e o encontro das divas do brega Nega do Babado e Rayssa Dias num encontro de diferentes gerações deste estilo que virou patrimônio imaterial do Recife. 

O line-up contou com o puro suco da cultura paraense, servido em doses generosas pelas cantoras Jaloo e Zaynara, que botaram o Recife para dançar e aplaudir calorosamente e que um dia antes estavam juntas no Coquetel Molotov Negócios falando sobre o cenário do Pop Tropical e o Brega Melody do Pará. Chegando pela primeira vez ao estado, AJULIACOSTA mandou seu recado feminino, preto, periférico e urgentíssimo, deixando tudo dito. E a carioca Ebony mostrou porque está sendo celebrada e premiada como revelação do trap nacional, num show quente e impecável.

Derradeira e definitiva atração da noite, a Pabllo Vittar entregou tudo e mais um pouco. Sempre aguda e certeira, a artista, rara aparição brasileira no Olimpo das personalidades musicais que alcançam o patamar de bilhões de visualizações no Youtube, apresentou o repertório de seu 6° álbum de estúdio, o “Batidão Tropical Vol.2”, num show que ainda era inédito no Recife, indo do forró e do brega funk ao delírio da plateia.

Foto: Alan Rodrigues

Na Concha Acústica da UFPE, o Palco Natura ofereceu apresentações memoráveis. O indígena Fykyá; o brincante da Zona da Mata Nailson Vieira; Sophia Chablau e uma Enorme Perda de Tempo; além de Gaidaa, com seu R&B dos Países Baixos; da música travesti e indígena de Ventura Profana; e de Luísa e os Alquimistas, apresentando os últimos acordes de sua despedida. Teve ainda Dimitria e seu “Anseio” e Sofia Freire cantando em um dueto músicas do disco “Ponta da Língua”, seu mais recente álbum. 

Foto: Hannah Carvalho

Quem de fato “roubou as atenções” foi o virtuoso pianista Amaro Freitas, revelação do jazz internacional, recém-aclamado Melhor Instrumentista do Ano pelo Prêmio Multishow e indicado ao Grammy Latino. Em uma noite com atrações de diferentes estilos, Amaro realizou um show impecável com seu indefectível piano de notas ancestrais e futuristas em formação de trio, num espetáculo de música instrumental que poucas vezes sua cidade-natal chegou a ver. Aplaudido de pé em uma Concha Acústica de cadeiras lotadas, o músico terá certamente seu nome citado nas listas de melhores shows de 2024.

Foto: Alan Rodrigues

No Palco Kamikaze, Tati Quebra Barraco fez a galera descer até o chão e cantar junto seus maiores hits no funk. A autora de “Boladona” chegou a se emocionar no final de sua apresentação ao ver a pista lotada em sintonia com a carioca. Antes dela, grandes nomes da música eletrônica brasileira como MU540, Pedro Chediak, BJ3, Zoe Beats e Paulete Lindacelva fizeram o público dançar do começo ao fim. Dandarona, RONI e Ramon Sucesso aumentaram a animação até amanhecer com Drum’n’Bass, Jungle, Garage, Ambient, Footwotk, Techno e House, House Old-School, cortes de Disco, Funk, Afro Beats e Breakbeats. Quem teve a honra de abrir o palco, que teve decoração e assinatura da Deezer, foi o crew Baile Charme, que, com muita coreografia e gingado, festeja a cultura negra na cidade, num encontro memorável com Corello DJ, responsável por cunhar, na década de 1980, o termo “charme” para batizar uma nova vertente do R&B que ganhava fôlego no Brasil. 

Foto: Hannah Carvalho

Foram mais de 25 atrações com milhares de aplausos, gritos e lágrimas de alegria, confirmando a importância e a magnitude de um dos mais longevos, inovadores e concorridos festivais do Recife, que até a Unesco confirmou ser a Cidade da Música. “A 21a. edição do Coquetel Molotov iniciou de fato com o reconhecimento de sua importância pela Câmara de Vereadores do Recife no começo da semana, que ainda teve atividades do Coquetel Molotov Negócios e que teve seu encerramento numa apoteose de emoções com ingressos esgotados neste sábado na UFPE”, ressalta Jarmeson de Lima,  co-fundador do festival. 

Nesta feminina e histórica edição, o No Ar Coquetel Molotov atinge os 21 anos cada vez mais ciente de seu dever como festival independente que fomenta a cena musical e releva novíssimos talentos para o grande público. E além de promover shows, o evento teve protocolos de Lixo Zero em um momento no mundo em que festivais de grande porte também precisam colaborar com o meio-ambiente de forma a reduzir o impacto das mudanças climáticas através de ações de gestão de resíduos desenhadas com a orientação e consultoria da Ecoe.

Combinando, como nenhum outro evento na cidade, a inovação e o fomento, a fruição e a celebração, o festival No Ar Coquetel Molotov se consolida como um dos mais importantes palcos do estado e até do país. E confirma que tem fôlego para muito mais. 

Foto: Silla Cadengue


O FESTIVAL – Desde sua primeira edição em 2004, o No Ar Coquetel Molotov quebrou conceitos pré-estabelecidos e vem evoluindo como um evento que já está no calendário de Pernambuco, cativando público fiel com uma relação afetiva e com um compromisso com a inovação artística. O evento conta com diversas ações de acessibilidade com Intérprete de Libras, Audiodescrição e Área PcD, além de cardápios em braile, banheiros adaptados e equipe de apoio.

Cumpre a missão do fomento, com o Coquetel Molotov Negócios, que teve sua 6ª edição realizada dias 5 e 6 de dezembro, com atividades gratuitas voltadas a artistas, produtores e empreendedores da área cultural através de debates, palestras, oficinas e showcases. Este ano, o projeto se expandiu para além do Recife em ações descentralizadas em Arcoverde (Sertão) e Jaboatão dos Guararapes (Região Metropolitana).

A 21º edição do No Ar Coquetel Molotov teve o patrocínio master da Nubank via Lei Federal de Incentivo à Cultura; patrocínio da Natura, Deezer e Prefeitura do Recife; apoio via Embaixada dos Países Baixos, Consulado Geral da França e Livre de Assédio. Tem como mídias parceiras Toca UOL, Trend Midia, Universitária 99,9 FM, S.O.M., O Grito!, Frei Caneca FM, Afoitas, Recife Ordinário, Mapa dos Festivais e Seremos Resistência. A cerveja oficial é Sol. Vendas oficiais da Shotgun e realização da Coda Produções, Ministério da Cultura e Governo Federal.