Começa na próxima sexta (16) a programação de shows do festival No Ar Coquetel Molotov 2011, evento selecionado pelo Programa Petrobras Cultural. Pelo segundo ano consecutivo, a produção do festival, em parceria com a Prefeitura do Recife, realiza uma série de shows em um calendário de prévias no Pátio de São Pedro. Os primeiros a subirem ao palco, a partir das 21h da próxima sexta, são os grupos AMP (PE) e Camarones Orquestra Guitarristica (RN).
A Camarones Orquestra Guitarrística vem ao Recife lançar o seu mais novo disco “Espionagem Industrial“, bancado com recursos do edital da Petrobras Cultural. O CD está disponível para download na Internet, trazendo como bônus músicas dos potiguares com diversas participações especiais. Certamente você já deve ter ouvido falar da banda, uma vez que eles já tocaram em mais de 50 cidades pelo país em diversas ocasiões e turnês.
Aqui, Anderson Foca, um dos fundadores da banda conta mais sobre a atitude empreendedora do grupo e seu rock instrumental que tem ganhado o público nos shows.
Depois do primeiro disco lançado independente e tendo circulado por boa parte do país, como você vê o Camarones hoje em dia?
Foca – Somos uma banda com muitas coisas a fazer e muitos lugares para visitar. Acho que o Camarones é uma banda que gosta de dasafios e estamos sempre procurando vencer os nossos limites. Vejo a banda assim, querendo vencer nossos limites dia após dia.
Como foi a ideia de fazer dois “lados” em “Espionagem Industrial”, tendo um com a banda em si e outro com convidados especiais?
Foca – Tínhamos que entregar 50 minutos de música para o disco por conta do Edital da Petrobrás que ganhamos, e achamos que só a gente compondo de uma vez esse tempo todo nos arriscaríamos a se repetir e não conseguir fluir com nas composições como deveria. Sempre fomos uma banda que dividiu muitas tours com bandas amigas e em numa dessas tours fizemos um música junto com o Canastra. Adoramos e resolvemos transformar um suposto lado B do nosso álbum em composições cooperadas. Foi uma experiência maravilhosa.
Apesar de muita gente achar que bandas com som instrumental não tem tanto espaço, vocês conseguiram tocar em muitos lugares e repercutir bastante. O que caracteriza o som instrumental do Camarones?
Foca – Eu acho que somos primeiro uma banda de rock, por isso conseguimos ter alguma visibilidade fazendo o que fazemos. Acho muito bom ser uma banda instrumental e explorar as possibilidades do rock de uma outra meneira. Tudo é tão natural e espontâneo que nem pensamos muito se temos ou não voz, letra e coisas do tipo. E parece que o público também não está muito preocupado com isso, ainda bem. Temos conseguido nos conectar bem, mesmo sem uma mensagem textual e isso é um desafio muito grande em todos os shows.
O que é mais importante para um grupo que deseja circular e fazer shows pelo país? O que eles precisam fazer, uma vez que nem todas as cidades tem locais adequados pra shows?
Foca– Se adequar a essa realidade e não perder a chance de ter uma agenda mais cheia. Ninguém chama uma banda para tocar se ela não se coloca nessa condição. Estamos sempre oferecendo oportunidade de shows para várias regiões do país, nos relacionando, ficando espertos em oportunidades. Somos bem dedicados a isso e termina fazendo alguma diferença. Um outro lance que pouca gente percebe é que tudo acontece por causa do show. Então se vc tem um show caprichado, com certeza vai tocar e gerar mais apresentações futuras e que uma hora ou outra vai terminar refletindo na própria sustentabilidade da banda.
O show na prévia do No Ar será um dos shows de lançamento pelo Recife antes da turnê pelo sul do país. O que prepararam para a apresentação por aqui?
Foca – É o show novo que ainda não conseguimos fazer aí. Já fomos com ele em 40 datas no primeiro semestre e vai ser muito bom tocar na prévia do No Ar, que é um festival que a gente admira muito. Sem contar que é nosso “Hat Trick” em Recife. Já tocamos no Abril Pro rock, Rec-Beat e agora no No Ar e sem dúvida isso é uma vitória muito grande pro Camarones. Agradecemos demais a todos vocês.
Neste cenário de festivais e eventos independentes, o que produtores que tem bandas e ainda casa de shows, como no caso de vocês, pode trabalhar pra fazer todas essas coisas funcionarem bem?
Foca – É uma pergunta complexa de responder rápido, mas acho que tudo se resume a paixão e dedicação. Paixão porque ninguém trabalha com música se realmente não amar muito o que faz. O mercado é injusto, não tem uma lógica didática a ser seguida e você nunca sabe onde seu trabalho vai parar. Dedicação e insistência servem para que você aprenda as movimentações, estude e consiga viver no meio sem precisar estar remando na maré das modas ou dos caminhos mais curtos (e passageiros). Tendo isso em mente já é 80% para que a coisa dê certo. Não tem muito mistério.