UM ROLEZINHO XORISNAU COM A NUDA

Por Henrique Campos e Raphiro

Voltamos aos 13 anos de idade com o deslumbre que dá quando saímos de casa as primeiras vezes sem os pais. A sensação de liberdade para um adulto deve mesmo ser valorizada.

A viagem para Bauru começa no aeroporto de Recife. É a segunda vez que a atual formação da Nuda embarca num avião, e soa como se fosse realmente a segunda viagem da banda mesmo. A diferença é que hoje estamos um pouco mais descolados em relação a algumas roubadas que toda banda passa no comecinho da carreira. O que também não significa que foi tudo perfeitinho: assim que pegamos nossas bagagens despachadas no aeroporto de São Paulo vimos que um dos cases de guitarra (justamente o mais protegido!) levou uma porradassa.

Dane-se o materialismo! Somos djóuvens e viajamos para tocar, não para desfilar case. Aí uma foto da imensa preocupação nossa com isso tudo.

Na saída do aeroporto, o Sr. Ricardo já nos aguardava com sua van para nos levar para Bauru, onde tocaríamos no SESC de lá ainda no mesmo dia. O Sr. Ricardo, além de motorista e sósia de Steve Jobs, conhecia um restaurantezinho na beira da estrada pra gente matar aquela larica com um Leitão à Pururuca fodástico, seguido de um belo digestivo olhando um campo de imensidão verde que ficava atrás do tal restaurante.

Bucho cheio, mão lavada, pé na estrada! Seguimos sem parada por mais umas 3 horas até chegar no SESC Bauru (nosso primeiro show em um SESC), um lugar que nos surpreendeu pelo tamanho, estrutura e beleza. O palco já estava basicamente montado seguindo as informações do Mapa de Palco que enviamos por e-mail. Mais um ponto pela organização. Passamos o som bem rapidinho e saímos para tomar umas brejas e esperar a hora do show chegar.

Achávamos que o show seria para umas 30 pessoas, já que nunca estivemos em Bauru nem nos lembramos de nenhuma manifestação de alguém de lá falando sobre a banda em redes sociais. Fomos novamente surpreendidos. O local dos shows nesse SESC é a área de conveniência, um espaço grandão com lanchonete e tomado de mesas e cadeiras. E, na hora do nosso show, quase todo tomado de gente.

A platéia era majoritariamente jovem, mas tinham algumas crianças, uns bebês e pessoas mais velhas. Fizemos a ordem do repertório minutos antes de subir no palco, começando com “Deusas Estéticas” e “Toque pra Calhetas” para não assustar. E depois disso veio uma sequencia de lapadas. Antes de terminar o show com “Duns” (no momento mais bonito do show, mas que só sabe o que rolou quem estava lá. Essa não vamos contar), “Vidracinha” e “A maré nenhuma”, avisamos que estávamos chegando ao fim e iríamos voltar a sossegar no som. E aí a gente ouviu um grande “Aaaaaaaaah!” lamentoso, tipo aqueles da platéia de Jô Soares quando gosta da entrevista.

Assim que os shows terminam lá no SESC, os seguranças já vão convidando todo mundo a se retirar. Como não tinha mais ninguém, guardamos nossas coisas, entramos na van do Steve Jobs brasileiro e partimos de volta pra São Paulo baixando a lombra do show dentro da van.

Tivemos então 2 dias livres em Sampa, gentilmente hospedados na casa da irmã do amigo e músico Tomaz (que deve lançar disco solo ano que vem). Aproveitamos para assinar o contrato de distribuição de AMARÉNENHUMA com a Tratore e nos encontramos com nossa amiga e ex-produtora Kátia Abreu para colocar as conversas em dia. Fora isso foi aquele lance de ficar por lá, dando uns rolés, redescobrir nossa paixão pelo Master System e esperar a volta pra Recife.

Voltamos pra Recife, dormimos umas 5 horas no máximo e partimos de carro para Natal, tocar no Festival DoSol Música Contemporânea. De novo, foi um show de pura diversão. Esse momento da Nuda está massa demais pra gente.

* Henrique Campos e Raphiro são integrantes da Nuda