Por Rachel Queiroz e Bruno Guimarães
Noite de psicodelia e originalidade – era o que prometia a sexta-feira no pátio de São Pedro. As bandas Tagore (PE) e Plástico Lunar (SE) se apresentaram no palco do Pátio, na segunda noite das prévias do No Ar Coquetel Molotov, que vão se estender até o dia 07 de outubro. As bandas têm em comum a personalidade musical acentuada, e de diferente o tanto de tempo que estão na estrada. Enquanto Plástico Lunar formou-se há mais de dez anos, a Tagore surgiu em 2010, e só em março desse ano começou a fazer shows.
Tagore e as provinhas de Pernambuco
Um pouquinho de tudo o que Pernambuco tem de melhor, como quando a gente senta na praia de Boa Viagem e prova de caldinho, queijo de coalho e do mar azul. Tagore, orgulhoso morador do bairro praiano, trouxe com sua banda para o palco do Pátio de São Pedro nessa sexta feira uma provinha de uma variedade de ritmos Pernambucanos misturados ao seu rock.
Complementando os seus versos com sua performance de pés descalços, Tagore embala a platéia tocando violão, que é acompanhado por instrumentos de rock – bateria, baixo, guitarra – mas também triângulo, pandeirinho e assovios. Mesclando músicas do seu segundo CD,que será lançado no início do próximo ano, às do primeiro álbum, Aldeia, Tagore animou o pátio de São Pedro trazendo referências regionais que não formam caricaturas, mas são complementos para compor música original. Ainda deu de presente para a platéia sucessos regionais como Morena Tropicana, de Alceu Valença, e Táxi Lunar, de Zé Ramalho.
Tagore conta ter tido acentuado seu contato com a cultura pernambucana ao ir morar em Caruaru, onde permaneceu durante quatro anos. Do que a cidade trouxe para ele, diz “É diferente morar lá, onde os costumes, os valores são diferentes, a convivência é mais intimista. Você se veste de comadre e cumpadre”.
É essa a sensação de intimismo que fica do show de Tagore. Intimo para quem já conhece a cultura pernambucana, acolhedor para quem quer se familiarizar. Um jeito aconchegante de conhecer música pernambucana ou a sua reinvenção, nas provinhas de rock com triângulo e sotaque arrastado para versos sinceros.
A lisergia da Plástico Lunar
O segundo show da noite foi marcado pelo rock de influências múltiplas da sergipana Plástico Lunar. Apresentando as composições de Coleção de Viagens Espaciais, lançado pelo renomado selo paulista Baratos Afins em 2009, a banda apresentou, no Pátio de São Pedro, seu rock pincelado pelo progressivo e evidenciado numa instigante psicodelia que faz referência às sonoridades dos anos 60 e 70, apresentando ainda, um interessante e experimental rock blues, influenciada pela música negra norte americana.
Melodias espaciais, arranjos complexos, timbres envenenados e letras filosóficas. Tudo isso pode ser conferido pelo grupo composta por Daniel Torres (vocais e guitarra), Bicho-Grilo (Baixo e backings), Léo Airplane (Órgãos e sintetizadores), Costello (Guitarras) e Odara (bateria).
Apesar dos dez anos de estrada, o grupo teve seu primeiro disco lançado apenas 2009. Apostar no mercado do rock no Brasil não é tarefa fácil, mas os meninos da Plástico Lunar vêm trilhando uma carreira de reconhecimento pela crítica nacional, ocupando hoje um merecido espaço na restrita lista de representantes do Rock Nacional.
Entre um show e outro, a noite contou ainda com o set do DJ Patrick Tor4. Tendo morado em Aracaju por boa parte de sua vida, o DJ, que hoje vive no Recife, vem circulando pelo Brasil em buscas das mais exóticas misturas musicais, focando sempre nos ritmos do nordeste. Sons de guitarrada, lambada, brega roots, cumbia, tecno brega, entre outros, puderam ser conferidos pelo público na última sexta-feira do pátio sonoro.
Próximos shows – As prévias do festival No Ar Coquetel Molotov prosseguem na próxima sexta (30/9) com mais uma noite de shows no Pátio de São Pedro em parceria com a Prefeitura do Recife. Na próxima noite sobem ao palco os grupos Radiola Serra Alta (PE) e Sacal (PB).