No universo de Hanni Palecter, o choque, o impacto, a liberdade, o extravasar de energias, a ironia e o desconforto estético e sonoro são um caminho necessário para as pessoas incautas saírem de dicotomias, polarizações, discursos com emoções confusas, etc. A atual cultura do cancelamento tem polarizado cada vez mais nossa civilidade e fontes de informação. Nosso imaginário acerca de vilões vem crescendo exponencialmente nestes tempos onde é infelizmente mais saudável ter menos gente por perto. Os monstros e infortúnios exibidos nesta obra vêm causar e instigar emoções profundas sem necessariamente falar sobre assuntos de cunho político, social, étnico, identitário, etc. A música de Hanni Palecter não tem letras ou significados conscientes em qualquer língua que venhamos a conhecer neste planeta. São frutos de um estado de transe onde os fonemas foram registrados através do fenômeno mediúnico da canalização do Exú Ciborgue
Ficha Técnica:
Hanni Palecter – Trilha sonora (samples, synths, vocais) e edição de vídeo.
Hanni Palecter é um projeto misterioso de Recife, que mistura rap experimental, rock, música eletrônica, lo-fi, noise e pop. A proposta sonora distópica, nasceu em meio a neurose do mundo pandêmico. Cantando em língua própria, expondo anseios tão humanos e cada vez menos entendidos por nós mesmos. O mistério fica por conta do fato de o artista não ter interesse em aparecer, nem nos holofotes do mundo moderno, ainda não tendo divulgado sua identidade nem para a equipe do selo Hominis Canidae, responsável pelo lançamento do primeiro volume do artista, que está disponível desde o fim de janeiro em todas as plataformas de streaming. No seu EP lançado, o minimalismo dos samples remete às repetições do cotidiano num clima apocalíptico sufocante e desconfortável que é viver em isolamento, enclausurado dentro de sua própria cabeça e sendo bombardeado de informações adversas vindas de todos os lados.